
A minha história começa com uma pequena caixa de costura, a primeira ferramenta de trabalho que me permitia criar bonecos e roupas na infância, numa mistura de materiais encontrados. Nesse lugar de panos e fios, encontrava-me a cada ponto e no recanto do fazer, refugiava-me do barulho de uma casa cheia, naquela que foi talvez umas das minhas primeiras experiências meditativas.
Na adolescência tingia as minhas roupas de indigo, e de um percurso marcada pela arte, o design e a educação, fui sempre regressando aos panos, como quem regressa a casa.
Foi na Austrália, onde vivi 8 anos, que na esfera da maternidade, regressei a esse lugar que sempre esteve comigo. Dediquei-me aos processos artesanais e criei a minha própria marca de peças em cerâmica e têxteis tingidos com plantas. Agora, de volta a Portugal, para além de continuar o meu caminho de experimentação, move-me a vontade de encontrar/criar espaços comunitários, de reflexão e troca de saberes, e assim surge este blogue.
Da minha paixão pela arte têxtil e pela moda, sempre fascinante expressão da identidade pessoal, mas também reflexo de tantas histórias e culturas, nasce a necessidade de encarar o problema ético e ambiental da indústria da moda, e daí partir para um caminho de investigação, mas também de activismo. Em 2016 começo a minha formação e experiências em tinturaria botânica, numa tentativa de explorar uma forma menos poluente de dar cor a tecidos e fios. Essa vontade de aprender a fazer algo de raiz, a perceber o ciclo têxtil, desde planta até ao tecido, até uma peça de roupa, acompanhou-me desde muito cedo, e lançou-me num caminho pautado pelo fazer na área da costura, remendo, reciclagem e reutilização de tecidos.
Aliado ao fazer (manual), que acredito ser uma ferramenta de empoderamento e de manifesto extraordinária, também a reflexão escrita, a educação, e tantas outras paixões minhas, convergem neste espaço de partilha. Obrigada por estares desse lado.